sexta-feira, 3 de julho de 2009
O GP das elétricas e do silêncio
Em 1897, quando aconteceu na cidade de Londres a Motocyclette Scramble, primeira corrida de motos movidas por motores a combustão, teve-se pela primeira vez uma visão nítida do futuro, já que então não havia tecnologia capaz de produzir motores pequenos e capazes de locomover uma motocicleta com piloto. No ano seguinte aconteceu a primeira corrida de motos na Ilha de Mans, que deu início a uma das provas mais emocionantes do motociclismo no mundo. No dia 12 de junho deste ano a visão de futuro se repetiu na Ilha de Mans ao sediar a TTXGP, a primeira corrida de motos com emissão zero de carbono.
Competidores de diversas partes do mundo participaram da prova com seus protótipos elétricos, todas equipadas com baterias de tecnologia proveniente dos celulares e motores elétricos pequenos e potentes. A tecnologia, que ainda precisa ser bastante explorada e desenvolvida para que se torne viável comercialmente, se mostrou promissora, já que algumas motos ultrapassaram os 200 km/h. Contudo, algumas motos atingiram somente os 100 km/h, o que revela a necessidade do surgimento de alternativas limpas para meios de locomoção com alto desempenho.
O vencedor do TTXGP foi o piloto Rob Barber que, a bordo do protótipo AGNI X01, completou a prova com o tempo de 25:53.50 e velocidade média de 140 km/h. A vantagem para o segundo colocado foi de 3 minutos e 11 segundos.
Esta corrida com motores sem ronco nem fumaça não serviu somente para mostrar que será possível produzir motos rápidas e que não poluam o meio ambiente, mas também para criar uma nova ótica para estes veículos limpos. A segunda estapa do TTXGP já tem local e data marcada. Acontecerá entre os dias 24 e 26 de julho no circuito de Mid-Ohio, no estado de Lexington durante o 18º AMA Vintage Motorcycle Days – tradicional encontro de motos que acontece em solo americano.
Veja o vídeo com trechos da corrida...
Que tal este cafezinho?
Sabe aquela ansiedade de quem esperou muito tempo por sua moto? Seja de um simples reparo na oficina a espera da entrada da sua primeira moto zerinha da loja? Pois bem, não são raras às vezes em que nós, da equipe DUAS RODAS, ficamos assim, ansiosos em alguns testes. E a avaliação da Bennelli TNT 1130 Café Racer é motivo suficiente para deixar qualquer piloto no mínimo curioso. A marca Bennelli, que tem origem Italiana, porém hoje controlada pelo grupo chinês Qianjiang, possui poucos modelos importados no Brasil. A 1130 Café Racer, que possui visual arrebatador e motor pouco convencional (três cilindros em linha), é um dos modelos que finalmente vamos ver de perto já que o Grupo Izzo passa a ser o importador oficial no Brasil.
O nome Café Racer faz referência a um movimento que aconteceu na Inglaterra na década de 50 onde motociclistas paravam nos cafés à beira da estrada para disputar rachas. A regra era colocar uma moeda no jukebox (aparelho de som com diversos álbuns musicais, comum na época) para tocar uma música que determinaria a duração do racha. Na época, as motocicletas recebiam modificações para se aproximar das motos de competição. Recuar as pedaleiras, instalar bancos tipo monoposto e substituir os guidões por semiguidões (guidão fixo diretamente nas bengalas) eram as alterações mais comuns na época. Todas essas caracerísticas estão presentes na Bennelli TNT 1130 Café Racer, com a diferença do estilo moderno que confere o design retilíneo e com muitos formatos angulares, como se a moto toda tivesse sido desenhada através de vetores.
Painel completo, com relógios analógicos de contagiros e temperatura, e display digital para velocímetro, odometros e hora do dia
Dá pra ficar um bom tempo comentando os detalhes de design, como o farol que é grande e possui formato triangular, o escape de saída única que divide as luzes de freio e lanterna ao meio, as curvas do escape em zig-zag ou as grandes aletas laterais do tanque que escondem os radiadores e incorporam as ventoinhas é só uma pequena parte do que faz essa moto chamar atenção. Aliás, tudo nesta Bennelli chama a atenção, a única ressalva fica para o acabamento, principalmente das peças de pástico, que poderiam ser melhores.
Coração triplo
Por baixo do quadro, que é tipo treliça com tubos de aço na dianteira e traseira fundida em alumínio, há um motor de construção interessante. Com três cilindros (como na maioria dos modelos da fabricante inglesa Triumph), quatro válvulas por cilindro, duplo comando no cabeçote e alimentação por injeção eletrônica. A potência máxima declarada é de 137 cv a 9.500 rpm e o torque máximo de 11,2 kgf.m que acontece aos 7.750 rpm. Os números de desempenho não impressionam para um motor de 1131cc que sem encarrega de levar 208 kg de peso, a seco, até a casa dos 250 km/h
O ronco do motor é bastante parecido com o som emitido de um quatro cilindros, porém, mais grave, típico deste tipo de arquitetura. Quando em marcha lenta, os ruídos internos são evidentes mas basta acelerar para o problema desapareça. Mesmo equipado com injeção eletrônica o motor apresentou alguns engasgos para sair da marcha lenta com movimentos rápidos do acelerador. A alta taxa de compressão em 11.2:1 pode ser um dos motivos, pois motores “taxados” necessitam de combustível de qualidade além de um bom trabalho de tropicalização.
Uso diário
Capacete, botas, macacão e luvas de couro e um sol de rachar o asfalto. Já estava mais do que na hora de avaliar o desempenho da TNT 1130 na pista. Também se demorasse mais um pouquinho o prato do dia ia ser cozido de piloto ao vapor. Completei algumas voltas em ritmo moderado para que pudesse notar características que são impossíveis de perceber pilotando esportivamente, além de aproveitar para me refrescar um pouco.
Fixação incomum dos retrovisores não atrapalha a pilotagem
Como na maioria das nakeds, a Bennelli Café Racer é maleável. Possibilita rápidas trocas de direção em qualquer velocidade. Porém, ela se mostra pouco versátil pelo banco monoposto, que impede o piloto de viajar acompanhado, e o curto grau de esterçamento do guidão que limita a agilidade da moto curtas manobras, bastante necessário no trânsito, por exemplo. A posição de pilotagem privilegia a esportividade sem exageros. Mantendo o piloto num meio termo entre uma naked e uma esportiva. A fixação dos espelhos retrovisores na extremidade das manoplas é interessante, achei até que pudesse atrapalhar na pilotagem, contudo não encontrei dificuldade alguma.
Achei que o acionamento da embreagem fosse mais leve devido a assistência hidráulica, no entanto, chega a ser mais rígida do que algumas motos onde a embreagem é manipulada através de cabos. Esta rigidez pode se traduzir em desconforto para o uso diário, sobretudo em situações de congestionamento. Por falar em uso, a capacidade do tanque em armazenar 22 litros de combustível prevê uma grande autonomia, bom para viagens ou mesmo para quem não gosta de visitar postos de combustível muitas vezes na mesma semana. Projetando um consumo médio de 15 km/l, já que infelizmente não pudemos fazer a medição de consumo pela a utilização na pista que gera números de consumo completamente diferente do que seria na estrada, a autonomia ultrapassaria facilmente os 300 km.
Na pista
Na utilização esportiva, a posição de pilotagem facilita que o piloto se desloque para uma postura agressiva. A agressividade do motor em praticamente todos os regimes de rotação e o pequeno curso do acelerador exige delicadeza do piloto no punho direito para que os trancos das acelerações e frenagens não desequilibrem a trajetória e nem atrapalhe a pilotagem.
Os freios, potentes e moduláveis, foram eficientes na tocada esportiva assim como o conjunto que apresentou boa estabilidade durante o teste. O único senão ficou para suspensão traseira que, apesar do bom comportamento nas saídas de curva, insistiu em manter a roda traseira em trepidação em fortes reduções durante as frenagens. Ambas as suspensões são completamente ajustáveis com regulagens de compressão, retorno e pré-carga da mola. Um trabalho mais afinado poderia solucionar o problema da roda traseira.
Ao final do teste estava satisfeito em ter rodado numa motocicleta tão exclusiva no Brasil. Embora mereça pequenos acertos, como na suspensão, no curso do acelerador, injeção e em detalhes no acabamento, mostrou ser uma ótima opção de moto, principalmente se a intenção for chamar a atenção.
Vitória com a marca de Rossi
Diante de pelo menos 90 mil espectadores em Barcelona o Campeão do Mundo Valentino Rossi garantiu soberba vitória depois de ter lutado com o companheiro de equipa na Fiat Yamaha Jorge Lorenzo ao longo das 25 voltas da corrida de MotoGP. De tal forma que o vencedor só foi conhecido na última curva.
Apesar da existência de algumas nuvens na costa mediterrânica, as temperaturas de 40ºC fizeram com que a prova fosse muito desgastante para os pilotos da categoria rainha, mas Rossi e Lorenzo deram tudo na sua luta, com The Doctor a executar soberba manobra ao cair do pano para somar o máximo de pontos.
Casey Stoner (Ducati Marlboro) voltou a subir ao pódio, dando continuidade à corrida ao ceptro do Campeonato do Mundo, com o resultado final a deixar Rossi, Lorenzo e o australiano empatados com 106 pontos na frente da classificação – o italiano está no topo já que conta com a vitória mais recente.
Stoner estava claramente exausta após a corrida, já que teve de se esforçar muito para se defender dos fortes ataques de Andrea Dovizioso. O piloto da Repsol Honda levou a cabo mais uma forte e consistente prestação para terminar em quarto pela terceira vez consecutiva, desta feita ficando fora do pódio por 0,052s depois de ter partido de quarto da grelha.
Enquanto isso, uma excelente luta entre Loris Capirossi (Rizla Suzuki) e o bravo Dani Pedrosa (Repsol Honda) pela quinta posição terminou com o italiano de novo à frente do espanhol; Capirossi cruzou a linha de meta com pouco mais de dois segundos de margem.
Com lutas a dois a verificarem-se ao longo de toda a tabela, Colin Edwards (Monster Yamaha Tech 3) fez uso da sua experiência para levar a melhor sobre Randy de Puniet (LCR Honda) na corrida pela sétima posição.
Os pilotos Ducati Mika Kallio (Pramac Racing) e Nicky Hayden cruzaram a meta juntos em nono e décimo, respectivamente, o que representou o melhor resultado até ao momento do norte-americano nesta sua primeira temporada com a Ducati oficial.
O mais recente piloto do MotoGP Gabor Talmacsi teve melhor sorte na estreia na categoria rainha que o companheiro de equipa na Scot Racing Team Yuki Takahashi – que caiu na primeira volta - enquanto o húngaro ganhou experiência ao terminar em último. O azarado Toni Elías voltou a não terminar na Catalunha.
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