sábado, 26 de julho de 2008

Pega entre monstros


Clique aqui e se segure...

Ela voltou





Amazonas é um nome conhecido em todo o mundo. Lembra selva, exotismo e, não por acaso, foi a marca adotada por uma fabricante paulista que tinha planos de exportar para os Estados Unidos. Famosa nas décadas de 70 e 80, a amazonas 1600 usava o tradicional motor Volkswagen refrigerado a ar e pesava quase 400 kg. Pois é, a Amazonas está de volta após 17 anos e aproveita a fama de imponência e robustez da marca para lançar uma nova custom de 250 cc fabricada na China pela Loncin.
Nada de velocidade máxima nem de trafegar entre os carros. A Amazonas AME 250 gosta mesmo é de desfilar tranqüilamente pelas ruas com seu design claramente inspirado na BMW R 1200C, uma mistura de clássico e moderno. O guidão tipo chifre de boi, os faróis auxiliares e as pedaleiras em formato de plataforma condizem mais com o estilo clássico, enquanto as rodas de liga leve e o escape duplo com ponteira retangular conferem um estilo mais moderno.

Tudo pelo estilo

Acessórios como os faróis auxiliares têm mais efeito estético que prático. Pouco influenciaram na pilotagem noturna. Da mesma forma as pedaleiras do tipo plataforma reforçam o visual estradeiro, mas são úteis somente numa custom de alta cilindrada, quando a velocidade dificulta que os pés em posição adiantada se mantenham apoiados em pedaleiras "normais". A opção por dois escapamentos também foi meramente estética - afinal, trata-se de um motor monocilíndrico.
Com um visual imponente e tantos acessórios, o resultado dificilmente seria outro: a AME 250 é pesada para uma moto desta cilindrada, são 185 kg. Uma das razões para as arrancadas e retomadas modestas para uma 250. O motor refrigerado a ar com quatro válvulas é baseado no da Suzuki Intruder 250. Desenvolve 21,5 cv de potência a 6.700 rpm e 2,56 kgf.m de torque a 5.400 rpm.
Se o desempenho não surpreende, é no quesito conforto que a Amazonas se destaca. As pedaleiras avançadas, mesmo não sendo retráteis, são mais altas que o de costume, o que impede que raspem no asfalto durante uma curva mais rápida. O formato do guidão permite que os braços permaneçam relaxados e tornam a pilotagem mais prazerosa. Banco de formato curvo que proporciona ótimo "encaixe" para o piloto, além do assento largo e macio para o garupa, completam o pacote de conforto da AME 250.
Os comandos nos punhos do guidão são completos e têm estilo antigo. O engine stop é uma chave giratória e o lampejador é acionado pressionando o seletor de farol baixo e alto, como foi até a década de 80. Para avisar os preguiçosos que se esquecem do pé sobre o pedal de freio há duas luzes na mesa que indicam quando um dos freios é requisitado. O painel, ou melhor, os painéis são de fácil leitura. Aquele que fica na mesa, próximo ao guidão, tem velocímetro, hodômetros parcial e total e indicador de marcha engatada.
Os dos paineis oferecem ótima leitura, mas fez falta um marcador de combustível
Já o painel que fica sobre o tanque abriga as luzes espia e o conta-giros. Incluir um marcador de combustível não seria má idéia, mas talvez fosse pouco consultado graças ao tanque de 18,5 litros.
Com o consumo médio de 23 km/l a autonomia chega a 420 km! As principais concorrentes da Amazonas 250 são a Sundown Vblade, por R$ 13.200, e a Kasinski Mirage, por R$ 14.800. O preço sugerido também de R$ 13.200 da Amazonas a posiciona de forma promissora na selva das custom de até 250 cc, que em breve receberá a Traxx Shark (DUAS RODAS 387) e a Garinni 250T3, também concorrendo pela mesma faixa de preço.

Estradas para o inferno




Uma enorme interrogação tomou conta dos entrevistados por DUAS RODAS. Diretores das concessionárias de rodovias e até especialistas em segurança no trânsito não entendiam por que uma boa estrada para os automóveis pode ser perigosa para o motociclista. Sabendo que a maioria das rodovias brasileiras cobrarão pedágio do motociclista a partir de 2008 perguntamos como seria uma estrada segura para as motos e quais alterações foram feitas pensando na segurança deste público. Nossas questões foram respondidas com outras perguntas ou, simplesmente, a recusa em dar entrevista sobre o tema.O que poucos entendem é que projetar rodovias seguras para os motociclistas não significa construir faixas exclusivas. Itens de sinalização e segurança úteis para automóveis e caminhões podem ser potenciais causadores de acidentes com motociclistas. Nos últimos anos a Espanha se transformou em um exemplo de como o que já existe nas estradas pode ser adaptado para um formato mais seguro pensando em quem viaja de moto: adotaram um guard-rail de plástico reciclado que protege o corpo humano em caso de queda e elimina o vão embaixo do guard-rail de aço, que deixava os postes de sustentação expostos, além de absorver o impacto sem empurrar a pessoa ou o veículo de volta para a pista. Até três anos atrás os guard-rails eram como os brasileiros, uma chapa de aço sustentada por postes também metálicos que suportavam o impacto de 80 kg a 60 km/h. Depois de campanhas e protestos contra os postes que, em caso de queda na lateral da pista, causavam fraturas e amputações, a Espanha foi pioneira na Europa ao instalar o guard-rail de plástico.
O preço dos acidentes
Infelizmente, o que qualquer motociclista sabe ou já escutou numa roda de amigos se mantém um mistério para quem deve zelar pela segurança. “Não fazemos distinção no tratamento dos veículos”, explica Evandro Viana, diretor da concessionária paranaense Ecovia, que já instituiu a cobrança de pedágio para motos no trecho entre Curitiba e Paranaguá – a tarifa já é cobrada em boa parte das rodovias de Rio de Janeiro e Paraná, e em 2008 deve chegar à maioria das rodovias em outros Estados. O comentário de Viana até pode sugerir uma política de igualdade no tratamento, mas é prova de desinformação. Assim como ele, outros concessionários se limitam a mencionar obras e serviços. “Duplicamos a pista, construímos acostamentos e promovemos campanhas de conscientização duas vezes por ano, mas o usuário de motos é tratado como qualquer outro, dispõe de guincho e serviço médico”, completa o diretor da Ecovia. Nos casos das concessionárias ViaLagos e CLN, que também cobram a tarifa das motos e administram, respectivamente, rodovias nos litorais fluminense e baiano, os diretores não quiseram comentar o assunto.
Pior foi descobrir que os órgãos que fiscalizam as condições de segurança nas ruas e estradas também desconhecem o assunto. Procuramos o Conselho Nacional de Trânsito (Contran, órgão federal que aprova os itens de sinalização e segurança usados nas vias), a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET, municipal, projeta ruas e avenidas) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER, órgão estadual que aprova os projetos das concessionárias para as estradas). Fomos informados pelas três assessorias de imprensa que não há um especialista em engenharia viária apto a explicar o que seria uma via segura para motos.
Prova que a maioria das estradas não está preparada para as motos, nem seus administradores. Apesar disso, concessionárias de rodovias estaduais que ainda não cobram pedágio do motociclista já avisaram: pretendem cobrar a tarifa a partir de 2008. A justificativa se repete, e (por razões óbvias) nada tem a ver com o desgaste do asfalto pelo tráfego de motos. “Nos últimos anos, o número de motos na rodovia cresceu e, na mesma proporção, o de acidentes e custos com resgates”, defendeu Maurício Negrão, presidente da NovaDutra, quando instituiu a cobrança na ligação Rio-São Paulo, em maio. Mais sensato seria primeiro adequar as estradas às necessidades dos motociclistas, em vez de cobrá-los pelo custo extra com os resgates.

Queda de moto: Relato de um sobrevivente






Vou falar de um assunto desagradável: cair, tomar um chão, comprar um lote, beijar o asfalto, tomar um ralo, enfim, uma coisa que tem muitos nomes. Quando acontece a maioria prefere esquecer, apesar de alguns contar como se fosse uma façanha e com certo orgulho, minha intenção é falar a respeito com muita humildade, para que as pessoas pensem um pouco a respeito.
Como muitos já sabem, um dos capítulos do meu filme “Alma Selvagem, amor por motocicleta” trata dos Encontros Motociclísticos e para mostrar o que acontece em um deles, filmamos o Tiradentes Bike Fest de 2007. Portanto achei quase obrigatório ir para Tiradentes neste ano e disponibilizar o filme para o publico, o que fiz com a ajuda de grandes amigos.
Saí de São Paulo na manhã de quarta feira, muito animado com a viagem que seria solo, só eu e Cássia Eller (minha Guzzi Jackal 1100) além dos equipamentos que costumo utilizar: Jaqueta, calça, botas luvas, protetor de coluna e capacete integra. Depois de rodar quase 400 km, no final de uma serra antes de Lavras, nas pistas duplas da Fernão Dias e no fim de uma sequência de curvas (devo confessar que estava em velocidade elevada) aconteceu o imprevisto: entrei rápido demais numa curva e quando vi que não daria para contornar, só pude tentar diminuir o impacto e entrei com tudo na mureta central.
Parece incrível quanta coisa passa pela nossa cabeça em centésimos de segundos. Lembro que me preocupei em não passar por cima da mureta e cair na pista do sentido contrário. Parece que consegui (pois aqui estou), mas a pancada foi forte. Bati ainda em velocidade e fui ricocheteado de volta para a pista. Me vi caído no meio da pista e á minha direita ficou a moto. Por sorte não perdi a consciência, levantei imediatamente e vi que um cara grande já tinha parado no acostamento e corria em minha direção.
Num instante apanhamos a moto e a puxamos para o acostamento e um minuto depois passou uma carreta a milhão. Depois outra, outra e outra... Tive sorte em ter caído nessa pequena pausa, que foi no momento certo, pois poderia ter virado um hambúrguer temperado com micropedaços de Guzzi.
Depois de alguns minutos, ajudado por algumas pessoas que pararam, verificamos que eu estava bem, sem nenhum osso quebrado e com o raciocínio claro, então eles me "deixaram" continuar a viagem. Parei numa borracharia para desentortar o pára-lamas e vi que quebrou o farol principal e um auxiliar, o suporte das bengalas, espelho, guidão torto, manoplas, pedal do cambio e cavalete lateral.
As bolsas rígidas laterais salvaram os cabeçotes proeminentes do motor da Guzzi, ufa... Demos um jeito em tudo, a moto continuava alinhada e fui em frente, até Tiradentes, que já fervilhava com a chegada de gente de todo o país. O principal porém, e este é o motivo de eu estar escrevendo esta matéria, foi o que NÃO aconteceu comigo por um único motivo: estar muito BEM EQUIPADO e claro, um anjo da guarda profissional.
Eu estava usando equipamentos dos meus parceiros no filme: jaqueta e calça de cordura SBK, luvas, botas, protetor de coluna da BannyPel e capacete integral da CMS. Normalmente uso capacete jet, mas em estrada uso quase sempre um integral. Se nesse dia estivesse com o casco aberto, rasparia minha barbicha (minha mãe a odeia) sem usar barbeador.
As proteções nos ombros, cotovelos, pulsos e joelhos ficaram no asfalto. As luvas grossas foram comidas até pegar muito de leve na minha pele. O protetor de coluna impediu maiores torções. Agora, mais do que nunca, entendo a importância de andar equipado, especialmente na estrada. Claro que foi um chãozinho de leve, mas se estivesse menos protegido, com certeza estaria muito ferido e seria obrigado a ficar vários dias de molho.



Nem todos os motociclistas são imprudentes como fui durante esta viagem, entretanto imprevistos acontecem e espero que muitas pessoas entendam a importância de investir em equipamentos de segurança. Olho a minha mão e penso no estado que estariam se estivesse sem luvas...



Depois do acidente, no dia seguinte, achei que não conseguiria nem andar, mas como a alma é selvagem e eu tinha uma missão a cumprir, comecei uma maratona em Tiradentes, que durou até o fim do evento. Mesmo andando meio de lado, consegui fazer tudo o que precisava e desta vez posso dizer que consegui viver plenamente o Tiradentes Bike Fest. Agora entendi melhor o que motiva tanta gente a viajar de moto para se encontrar.



Fiz tantos novos amigos que nem começo a escrever, senão fica longo e ainda por cima corro o risco de esquecer de alguns. Fotos de lá eu não tenho, pois a câmera fotográfica quebrou na queda, mas tenho imagens em vídeo, que depois pretendo editar e publicar.
O mais importante desta viagem foi que aprendi muitas coisas: Deixar de ser idiota e andar devagar nas estrada, pois as mesmas são não pista, não tem área de escape e nem brita. Também aprendi que vale muito a pena investir em equipamentos de segurança e que a atenção nas estradas deve ser redobrada pois dois centésimos de segundo de distração anulam várias horas de concentração.
A vida é boa demais para ser colocada em risco tão estupidamente e espero que meu relato sensibilize outros motociclistas. Se isso acontecer, o relato do meu acidente terá sido útil. Nos vemos nas estradas!

Vídeos incríveis


Motociclista cai, moto segue correndo...será que ele vai alcançar a máquina e seguir na corrida?Clique aqui e veja...