Motociata e basta à violência

Os motociclistas cariocas vão promover uma motociata (desfile de motos) no dia 13 de setembro em protesto contra a violência no Rio. Eles vão se concentrar no Posto Seis, em Copacabana, e seguirão até a Tijuca, onde vão promover um ato cobrando mais ações da polícia para reprimir os roubos e furtos de motocicletas no Grande Rio.
A realização da motociata foi decidida no dia 17, um dia depois que o sargento-PM Anderson Correa da Silva, que integrava o Grupamento Tático de Motociclistas do Batalhão de Choque e também presidente do Moto Clube Alligator, foi assassinado na Rodovia Washington Luiz quando voltava com amigos de um evento em Teresópolis.
A revolta dos motociclistas aumentou nesta quinta-feira depois que o médico Paulo Athayde Salaverry Lopes, de 54 anos, foi baleado por assaltantes , na noite desta quarta-feira, em Ipanema.
O presidente da Federação dos Motoclubes do Estado do Rio, Carlos Ferreira, o K-2, disse que após a motociata sairá um documento endereçado ao governador Sérgio Cabral e ao Ministro da Justiça pedindo mais segurança:

- Infelizmente, os cariocas perderam o direito de se divertir, de terem um hobby. Vamos promover uma motociata pacífica, pedindo paz e mais segurança -- disse Ferreira.

Um dos organizadores da motociata, Cláudio Conteville, presidente do Motoclube Moto Sapiens, disse que são esperados mais de dois mil motociclistas de todo o estado na motociata. São aguardados, inclusive, os motociclistas do interior que estarão participando do Niterói Moto Fest, em Itaipu.

-- Todos estão temerosos e querendo se mobilizar. O quadro de violência se agrava a cada dia e não se vê ações para combater este tipo de crime -- lamentou.

O advogado Renato Pereira, que já pagou resgate para ter sua moto de volta, vai participar do protesto:

-- A situação está insuportável. Se tivéssemos policiamento ostensivo, das duas uma: os ladrões não fariam o assalto ou seriam presos.

Mais uma vítima do roubo de motos

O médico Paulo Athayde, de 53 anos, baleado na noite de quarta-feira (26), em Ipanema, Zona Sul, pode ter sido vítima de uma quadrilha que rouba motos de alta cilindrada.O alerta é do presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro (AMO-RJ), Aloísio César Brás, com base em um levantamento feito em cima das denúncias dos associados. O médico foi baleado durante um assalto registrado na noite de quarta-feira (26). De acordo com a assessoria de imprensa da Clínica São Vicente, onde ele está internado, o estado de saúde dele é grave. Paulo está sendo mantido em coma induzido. De acordo com a associação, desde abril, o número de roubos a mão armada a motocicletas cresceu 38%. “Isso é fruto da ação dessas novas quadrilhas, que estão atrás de motos acima de mil cilindradas. As preferidas são as BMW Sport”, afirma Aloísio.
Ele ressalta que os roubos são realizados “com extrema violência e em locais antes nunca praticados”. Ele lembrou o episódio em que um grupo de motociclistas foi cercado na Rio-Petrópolis, quando um deles, que era policial, foi morto pelos assaltantes.
“Existem quadrilhas especializadas em roubo de motos mais caras, para desmanche, e outras para usar em ações do tráfico, nas favelas. Eles também aproveitam os leilões do Detran para adquirir documentos que vão esquentar as motos roubadas”, garante.

Leilões

Aloísio Brás está pedindo a deputados da Assembleia Legislativa do Rio para que aprovem um projeto de lei que proíba leilões de motocicletas. “Eles compram uma 'máquina' por apenas R$ 15 mil, sendo que, nova, ela vale R$ 90 mil . Com a documentação em dia, passam a usar as peças das motos roubadas”, explica.

O Detran, através de assessoria, divulgou a seguinte nota:

“O Detran esclarece que, desde fevereiro de 2008, vem leiloando como sucata prensada todas as motos consideradas irrecuperáveis ou com adulterações de gravação do motor guardadas em seus pátios há mais de 90 dias. Tais veículos são levados à hasta pública com o chassi recortado e as placas retiradas e têm seus cadastros baixados dos sistemas de registro de veículos.
Desta forma, o comprador não recebe documentos do veículo, mas apenas uma nota fiscal da transação. Essas medidas estão regulamentadas na portaria nº. 3929 do Detran e têm o objetivo de coibir o uso ilícito de peças e partes de motos irrecuperáveis ou adulteradas que são leiloadas pelo departamento.
Ao organizar um leilão, o Detran vistoria cada veículo oferecido, um a um, a fim de determinar em que condições ele deve ser leiloado (veículo ou sucata) e quais as medidas que deverão ser tomadas pelo comprador para regularizar a situação dos lotes após o arremate. Laudos dessas vistorias são emitidos e armazenados pelo departamento.”
E, acrescenta:
”Somente são leiloados como veículos, com emissão de documentos e manutenção do registro no Detran, motos, carros, kombis e demais tipos que estejam em condições mínimas de segurança para trafegar. Veículos com pendências judiciais, administrativas ou à disposição de autoridade policial não são leiloados pelo Detran.”