sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Silêncio em um HP



Silêncio total... Enquanto o pequeno motor com menos de 1 cv empurrava o scooter V500 da Moto Z, os pedestres curiosos paravam para dar uma olhadinha. Alguns desavisados quase foram atropelados. Como não há qualquer barulho, atravessavam sem olhar e quando viam, estavam de cara com o scooter. Esse clima tranqüilo só acabou quando um motorista irritado com a baixa velocidade do scooter meteu a mão na buzina e gritou “sai da frente!”



Essa foi uma das muitas aventuras vividas com os scooters elétricos recém chegados através da estreante Motor Z. Inéditos no País (pelo menos como importação oficial), chegam da China e aqui são montados e comercializados pela empresa nacional (leia mais em DUAS RODAS nº 379). Rodamos durante mais de uma semana com os modelos V500 – um simpático scooter que lembra a antiga Lambretta e custa R$ 3.995 – e o S800 que, por R$ 4.500, traz motor maior e desenho atual.

Mostramos o dia-a-dia de um motociclista quando precisa “reabastecer” numa tomada em vez do posto de gasolina (veja os depoimentos em “Um dia sem gasolina”). Ao girar a chave, nenhum ruído indica que o scooter está ligado. Apenas as luzesespia do painel se acendem. “É melhor usar sempre o cavalete central”, preveniu o funcionário da Moto Z ao entregar os scooters para DUAS RODAS. “Já aconteceu de esquecerem ligado, alguém girou o punho e o scooter acabou no chão”. O silêncio do motor também mostrou que é preciso atenção redobrada com os pedestres, pois a maioria não percebe a aproximação do scooter e atravessa a rua, a menos que se use a buzina.
motor vai acoplado ao cubo traseiro


E é aconselhável seguir a recomendação de uso da Motor Z: só para lazer ou deslocamentos curtos, de preferência por áreas planas. Os motores de 500 e 800 Watts geram potências equivalentes a 0,7 cv (no V500) e 1 cv (no S800), o que significa velocidades máximas de 35 km/h e 45 km/h no plano, respectivamente. Subidas? Nem pensar, eles não saem do lugar a menos que a inclinação seja de, no máximo, suaves 15%. Para o futuro, a Motor Z já estuda um scooter elétrico com desempenho comparável ao de um 150 cc. Até lá nossos motoristas devem ter paciência.




Um dia sem gasolina

Não há como negar: o scooter elétrico é divertido. A começar pela expressão de curiosidade das pessoas a procura do motor. O silêncio é outro trunfo desses veículos, que se mostraram perfeitos para vias planas e, infelizmente, fechadas. No dia-a-dia de uma grande cidade? Esqueça, minha mãe nunca foi tão xingada como na Avenida Domingos de Moraes, na Zona Sul de São Paulo. Fora isso, os modelos precisam melhorar em acabamento, já que muitos componentes fazem barulho excessivo. Freios e suspensão também precisam de ajustes, já que nas ondulações as duas rodas chegaram a sair do chão.

Cícero Lima



Curioso foi o silêncio do motor elétrico, que lembra o baixo ruído de um trólebus (aqueles ônibus com antenas ligadas a cabos de energia elétrica). É preciso ficar esperto com o dedão na buzina porque motoristas e pedestres não percebem a presença do scooter. No atual formato ele será útil em condomínios, shoppings centers, clubes e locais onde o uso de veículo a combustão criaria um desconforto tanto pelo ruído quanto pela poluição. Para chegarmos a um produto para os grandes centros urbanos será preciso reduzir peso, aumentar a potência, velocidade e autonomia.

Geraldo Simões



Um motoboy olhou bem para a Lambretinha V500 e disparou: “Bonitinho, é elétrico mesmo?” Depois da confirmação e de muito exame, soltou o veredito: “Deve ser que nem celular, quando mais você precisa a bateria acaba!” Brincadeiras à parte, é uma delícia deslizar por ruas planas e tranqüilas ou deixar o scooter embalar nas descidas, “desligando” o acelerador. O inferno mora no trânsito congestionado e nas subidas. Eles aceleram devagar e basta olhar para uma subidinha que gente já paga o maior mico. A velocidade diminui e, se a subida piorar, o scooter simplesmente pára. O jeito é empurrar.
O motor elétrico dos scooters Motor Z fica dentro do cubo da roda traseira e elimina sistemas de transmissão. Mas, o que acontece quando giramos a manopla de um scooter elétrico? A resposta é simples: o comando do acelerador (reostato) aumenta a corrente (em ampères) que é liberada das quatro baterias para o motor na roda traseira. Para economizar energia e ajudar na frenagem, quando o manete do freio é acionado a corrente para o motor é automaticamente cortada. Da mesma forma, vale a pena “cortar” o acelerador em descidas, para economizar carga das baterias.
Tudo começa com um recarregador para 110 ou 220V que fica guardado embaixo do banco. Uma extremidade do cabo é plugada numa entrada no porta-objetos e a outra numa tomada convencional. A energia é armazenada em quatro baterias seladas que são trocadas a cada 15.000 km, segundo a Moto Z. A carga total demora 8 horas e permite rodar até 40 km com o V500 e 55 km com o S800, ainda segundo a empresa. Cada recarga equivale a cerca de R$ 0,40 gastos em energia elétrica. Os engenheiros da Motor Z garantem que não ocorre o chamado “efeito memória”, como nos celulares, e aconselham a recarregar as baterias mesmo nas paradas breves.

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