sexta-feira, 18 de julho de 2008

Tráfico encomenda roubo de motos potentes



Quando o empresário Bráulio José Soares, 55 anos, comprou a sua moto - uma Suzuki Hayabusa de 1.300 cilindradas -, pensava em viajar pelo país e, quem sabe, pelo mundo. Roubada no final do mês passado, a moto pode estar agora em uma das favelas do Rio de Janeiro.
O comerciante, assaltado em Itaipu, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, pode ter sido mais uma vítima de assaltantes que agem por encomenda de traficantes de drogas. A informação é do delegado Ronaldo Oliveira, da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA).
“Os traficantes encomendam o roubo destas motos para andarem dentro das favelas. É uma forma de ‘tirar onda’ dentro da comunidade. É um símbolo de status. Geralmente, o ladrão está ligado ao tráfico de drogas. Para vender no mercado ilegal, essas motos não são muito boas porque são fáceis para identificar”, disse.

Assaltado distribui panfletos com foto da moto
A “gorduchinha”, como Bráulio chamava sua moto, foi roubada no dia 27 de junho deste ano. O crime, que durou cerca de 10 minutos, ficará para sempre marcado na mente do comerciante.
G1
Pátio da DRFA está cheio de motos roubadas (Foto: Dório Victor/G1)“Fizeram-me tirar a roupa na frente do meu filho e de uma funcionária. Foi muito constrangedor. Eram três criminosos armados com pistolas. A minha gorduchinha era prata e azul, valia cerca de R$ 40 mil e não tinha seguro. Além do trauma, também sofri um grande prejuízo”, disse.
Na esperança de rever a sua moto, Bráulio está distribuindo nas ruas panfletos com a foto da Suzuki.

“Alguns amigos já viram a moto em São Gonçalo. Só pode ser ela, porque não tem duas motos dessa na região. Eu, que sou empresário, já consegui me informar sobre dois ‘desmontes’. Um, inclusive, seria em Saquarema. Será que a polícia não sabe disso?”, indaga a vítima.

Polícia desconhece quadrilhas no Rio
O delegado Ronaldo Oliveira informou que já foram identificadas quadrilhas de assaltantes de motos de altas cilindradas em outros estados, mas não no Rio.
“Ainda não descobrimos nenhuma quadrilha especializada em roubar motos de altas cilindradas, mas não descartamos esta possibilidade. Geralmente, as mais roubadas são as motos com poucas cilindradas, principalmente as de 125. Isso porque essas motos são mais populares, e fica mais fácil para o contraventor vender as peças separadamente”, disse.
O número de apreensões pela DRFA é significativo: no ano passado foram apreendidas 3.614 motos, e do dia 1º de janeiro até o mês de julho deste ano a delegacia já havia apreendido 1.949.
“Em algumas operações nas favelas do Rio nós apreendemos mais de 50 motos de uma só vez, todas roubadas. O pior é que, na maior parte das vezes, não conseguimos localizar os proprietários porque a numeração geralmente é alterada. As motos acabam apodrecendo no nosso pátio”, disse.

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